Vejamos, então, as seguintes frases:
(1) Registrou-se elementos anormais nas áreas acima citadas.
(2) Registraram-se elementos anormais nas áreas acima citadas.
A frase preferível é a (2). Há, até, tanto em Portugal como no Brasil, quem apenas aceita esta. A doutrina é a seguinte:
Em registraram-se, temos a voz passiva formada com a palavra apassivante (ou apassivadora) se. Isto é, registraram-se é equivalente a foram registrados: Foram registrados elementos anormais...
O sujeito é, pois, elementos anormais na frase (2).
Em favor da frase (2), podemos acrescentar ainda o seguinte argumento: Temos aqui a noção de pluralidade em dois elementos: no predicado (registraram-se) e no sujeito (elementos anormais). Nesta frase, está mais fortemente marcada a noção de pluralidade do sujeito.
A frase (1) é aceite por alguns estudiosos. Explicam, dizendo: Temos aqui o sujeito indeterminado pela presença da palavra se, indeterminante do sujeito. Isto é, «Registrou-se elementos anormais» equivale a: «Alguém (se) registrou elementos anormais».
Quem não concorda com a frase (1), admite o se indeterminante do sujeito com:
a) Verbos intransitivos:
(3) Por aqui vai-se ter à praça.
(4) Aqui está-se bem.
(5) É assim que se vai ao Céu.
b) Verbos transitivos indirectos:
(6) Precisa-se de pessoas que trabalhem.
(7) Trata-se de coisas nunca vistas.
Em todas estas frases, de (3) a (7), há um «alguém» que é o sujeito, mas não se sabe quem seja. Está indeterminado, indefinido. É um caso de indeterminação, também chamado de indefinição do sujeito.
Na frase (1), temos um verbo transitivo, registrou-se, cujo complemento directo é elementos anormais. Como não se encontra nas condições do sujeito indeterminado que vemos nas frases de (3) a (5), concluímos que devemos preferir a construção da frase (2).
Obs. – No Brasil, diz-se registrar, registro. Em Portugal, registar, registo. Em Portugal, porém, ainda se ouve registrar e registro na linguagem popular.