Uma língua civilizada usa normalmente, isto é, no dia-a-dia, à volta de três mil palavras, o que constitui aquilo a que se chama «fundamental». Dentro destas três mil, pode considerar-se um primeiro grau de mil e quinhentas mais usuais ainda que as restantes, cujo acervo, de uso menos frequente, constitui o segundo grau. É evidente que uma criança pequena, um analfabeto, ou qualquer pessoa que viva muito isolada, usará naturalmente um vocabulário ainda mais restrito, que mesmo assim é raro ser inferior a mil vocábulos.
Qualquer língua europeia, designadamente, possui um vocabulário corrente de mais ou menos cinquenta mil palavras, quantidade normalmente contida num dicionário médio. Por exemplo, o "Vocabulário Ortográfico Resumido da Língua Portuguesa", da Academia das Ciências de Lisboa, publicado em 1947, abrange umas 41400 palavras, o que se encerra nos parâmetros apontados. Mas, se passarmos agora para o Vocabulário da Língua Portuguesa do Doutor Rebelo Gonçalves (Lisboa, 1966), o número de termos da nossa língua ascende logo a cerca de cento e cinquenta e quatro mil. Também o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (edição de 1997) deve conter à volta de cento e setenta e oito mil vocábulos, e este não inclui nomes próprios.
Crê-se, geralmente, que números desta grandeza sobem quase ao dobro, quando se metem os termos arcaicos, os dialectais e, sobretudo, os técnicos, que proliferam de dia para dia. Por isso, quando se diz que uma língua como o inglês possui 400 mil palavras, a verdade não deve andar longe, mas não fiquemos a pensar que o português tem menos, pois todas as línguas de grande cultura (e a nossa é uma delas, não haja a mínima dúvida) se equiparam na quantidade do seu vocabulário.
Cf. Respostas Anteriores.