Nenhum dicionário ou vocabulário mais específico – caso do Vocabulário Técnico e Crítico de Arquitectura, de Maria José Madeira; Pedro F. de Sousa e Horácio M. Pereira Bonifácio, conforme informação colhida na biblioteca da Ordem dos Arquitectos portugueses – vai além do registo das três acepções dadas correntemente na construção civil à expressão pé-direito. Ou seja: «1. Maciço de pedra que absorve os empuxos de um arco; pegão. 2. Altura de um pilar que sustenta um arco. 3. Distância que vai do pavimento ao tecto de um compartimento.»
Contactados vários especialistas (arquitectos e engenheiros) sobre a verdadeira origem da expressão, a resposta foi sempre a mesma: «Não faço a menor ideia!»…
À parte uma ou outra especulação mais ou menos divertida de pé-direito ter origem na gíria muito própria de pedreiros e mestres-de-obras “in illo tempore” – que, “in illo tempore”, recorreriam à medida de um homem, de pé e direito («Encosta-te aqui de pé, direito») para dimensionar a altura duma parede…–, tudo leva a crer na origem francesa do termo.
Esta é pelo menos o resultado da investigação da arquitecta Isabel Plácido, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa – a quem ficamos muito agradecidos –, que encontrou o registo mais antigo de pé-direito num pequeno dicionário do século XIX de termos de arquitectura, em português e francês. Trata-se do Diccionario dos Termos d’Architectura. Suas definições e noçoes históricas, de T. Lino d’Assumpção (ed. Antiga Casa Bertrand, Lisboa, 1895), onde se pode ler:
«Pied-droit. Altura do pilar que sustenta um arco. Distancia que n’uma casa vae do soalho ao tecto. Encontros numa abobada.»