O pronome se é recíproco, com a função de objeto direto (cf. «ajudar alguém», que configura um verbo transitivo direto).
A expressão «um ao outro» serve de reforço ao pronome recíproco e não envolve um objeto indireto. Não se faz a sua análise interna.
Sobre as construções pronominais de reciprocidade, dizem os gramáticos Celso Cunha e Lindley (Nova Gramática do Português Contemporâneo, Lexikon Editora, 2016, p. 294):
«3. Como são idênticas as formas do pronome recíproco e do reflexivo, pode haver ambiguidade com um sujeito plural. Por exemplo, uma frase como a seguinte:
Joaquim e Pedro enganaram-se.
pode significar que o grupo formado por Joaquim e Pedro cometeu o engano, ou que Joaquim enganou Pedro e este a Joaquim. Costuma-se remover a dúvida fazendo-se acompanhar tais pronomes de expressões reforçativas especiais. Assim: [...]
b) para marcar expressamente a ação recíproca, junta-se-lhes, ou uma expressão pronominal, como "um ao outro", "uns aos outros", "entre si":
Joaquim e Pedro enganaram-se entre si.
Joaquim e Pedro enganaram-se um ao outro.
ou um advérbio como reciprocamente, mutuamente:
Joaquim e Pedro enganaram-se mutuamente.»