Os prefixos di-, tri-, tetra- e outros do mesmo género não indicam verdadeiramente repetição de determinada unidade nem operação, salvo melhor opinião. Ora vejamos:
a) di- significa dois, duplicidade: dígrafo é o que está escrito com dois tipos de letra diferente; díodo é uma válvula termiónica constituída por dois eléctrodos. Estas palavras dão-nos a noção de dois, um conjunto de dois, e não a repetição de um ou a de duas vezes um.
É claro que dois e duas vezes um (ou 1+1) significam precisamente o mesmo, mas uma coisa é o significado; outra, a linguagem. E aqui, o assunto é de linguagem. Também quando dizemos cem pessoas temos a ideia de um conjunto e não a de 1+1+1... = 100.
Julgo que não vale a pena dar explicação semelhante para os prefixos, tri- e tetra- e outros, porque o caso é idêntico.
Para terminar:
a) Por tudo isto não parece que fique bem chamar a tais prefixos multiplicativos ou multiplicadores.
b) Os vocábulos multiplicativos e multiplicadores significam mais ou menos o mesmo: que multiplicam. Ora esses prefixos não multiplicam. Quem multiplica é o homem ou determinado aparelho. Não multiplicam nem sequer indicam multiplicação.
Caso semelhante, embora um pouco diferente é o dos prefixos bi-, tri- e tetra-. Mas a diferença está apenas em bi-. Ora vejamos:
a) bi- significa dois; muito raramente duas vezes: bialado, bicórneo, bicéfalo, etc.;
b) tri- significa três: triângulo, tricéfalo, triciclo, tricelular, etc.;
c) tetra- quer dizer quatro: tetracarpo, tetraedro, tetravalente.
Como vemos não há aqui a ideia de multiplicação, mas apenas a ideia de conjunto de quatro coisas semelhantes.