É muito interessante a sua questão.
À primeira vista, parece descabida. O que é normal é dizer-se que tal senhora é uma mulher política, na ordem directa e com o adjectivo a concordar com o substantivo; naturalmente sem hífen, por desnecessário, visto o conjunto estar no seu sentido objectivo e não no figurado.
Ora no seu espírito parece estar a ideia ponderável de considerar, entre os políticos mundiais, o chanceler (para mim um substantivo comum dos dois géneros) da Alemanha, que acontece ser uma senhora. Este critério é semelhante ao que seguimos quando, para nos referirmos à espécie em geral, dizemos «o Homem», o que legitimamente as mulheres começam a contestar.
Assim, aceitando-se que estamos em presença sempre de políticos (com o substantivo num sentido uniforme), o núcleo do composto com o nome político e o nome mulher fica à esquerda. Na designação moderna, tais estruturas designam-se por compostos morfossintácticos subordinados, em que o modificador da direita não se flexiona no plural.
Em resumo, meramente nessa sua hipótese, poder-se-iam considerar as grafias: político-mulher e políticos-mulher (ex.: «Ângela Merkel é um político-mulher», «há muitos políticos-mulher nos países nórdicos» [e devia haver mais nos outros países, para maior equilíbrio na insensatez da agressividade e para maior defesa da importância dos valores fundamentais da vida]).
Claro que estamos sempre no sentido denotativo [significativo, objectivo, preciso no contexto]. Pode não ser esse o caso, e pretendermos uma conotação particular para a estrutura. Especulando com os dois termos, se, por exemplo, nos estivermos a referir a um homem, «político-mulher» tem o sentido de político efeminado...; e, igualmente no sentido subjectivo, podemos ter uma mulher que é uma «política-homem», com o sentido de dama-de-ferro...
São as virtualidades desta nossa amorável língua, companheiro irmão...
Ao seu dispor,