Há duas respostas possíveis para a sua pergunta e, como não sei qual prefere, vou dar-lhe algumas indicações nos dois aspectos. Um relaciona-se com bibliografia sobre educação na antiguidade e aí há duas obras, pelo menos, que podem ser consultadas:
– JAEGER, Werner, Paideia. A Formação do Homem Grego (tradução de Parreira, Artur M.), São Paulo, Martins Fontes, 1995.
– MARROU, Henry-Irenée, Histoire de l'Éducation dans l'Antiquité, Paris, Éditions du Seuil, 1948 (também há uma tradução portuguesa desta obra, numa edição do Brasil, mas não tenho a referência).
Além destas, outras obras podem ser consultadas, muito embora não estejam especificamente ligadas à formação do homem grego:
– HAVELOCK, E. A., A Musa Aprende a Escrever (tradução de Santa Bárbara,
Maria Leonor; revisão científica de Santos, José Trindade), Lisboa, Gradiva,
1996. Este livro foca a importância da oralidade na transmissão do
conhecimento.
– ROBIN, Léon, La Pensée grecque et les Origines de l'Esprit scientifique,
Paris, Éditions Albin Michel, 1973.
– ROMILLY, Jacqueline de, Le Trésor des Savoirs Oubliés, Paris, Éditions de
Fallois, 1998.
– SNELL, Bruno, A Descoberta do Espírito (tradução de Morão, Artur), Lisboa,
Edições 70, 1975.
Há alguns estudos mais específicos sobre educação na Antiguidade, mas Marrou apresenta belíssimas indicações bibliográficas.
A outra possibilidade de resposta consiste em referir alguns aspectos e autores que podem ser focados relativamente a este tema. Esses podem ser focados de diversas maneiras: a sua apresentação pode incidir sobre a educação em geral numa determinada época e aí pode focar os poemas homéricos, dado que no Canto IX da "Ilíada" temos algumas considerações sobre o tipo de educação que se esperava que o herói recebesse; também na "Odisseia", os quatro primeiros cantos são de dedicados a Telémaco e podem ser considerados como o último passo na sua formação como homem.
Outra possibilidade é Hesíodo, poeta didáctico por excelência. Em ambas as obras ele transmite conhecimentos (como surgiram o mundo e os deuses, na "Teogonia") e valores (a importância do trabalho e da justiça, em "Os Trabalhos e os Dias").
Entre os poetas da época arcaica, podemos salientar Arquíloco, Píndaro ou Teógnis, visto que todos eles nos transmitem uma visão muito pessoal sobre o mundo e a formação dos jovens.
No entanto, não devemos descurar a clara distinção existente entre dois tipos de educação: a espartana e a ateniense; ou ainda, as alterações que a educação sofreu no período helenístico, onde se verificou, primeiro, uma tendência para cimentar bem a cultura geral do jovem, a tendência para o "enciclopedismo"; em segundo lugar, temos nessa mesma época a tendência para a especialização, dado que o jovem não tem obrigatoriamente dois anos de efebia, como na Atenas do século V, a par de uma descentralização do saber:
Atenas não é o centro cultural do mundo grego, pois para aí dirigem-se as pessoas que se querem dedicar à filosofia e à retórica, por exemplo. A par de Atenas surgem outros centros importantes, como Rodes, Alexandria, Pérgamo.
Para além dos aspectos referidos, que mais não são do que sugestões, ainda é possível focar a importância que os filósofos, nomeadamente os Sofistas e Platão, tiveram na educação, ou historiadores como Políbio.
Não sei se era esta a informação pretendida, mas se não for há sempre a possibilidade de voltar a perguntar, talvez de um modo mais específico.