1) No português actual, existem restos de particípios presentes, com valor de substantivos ou de adjectivos: homem temente a Deus; um grande viajante; cavaleiro-andante; uma pedinte; um transeunte, etc.
2) As designações inglesas baseiam-se nas diferenças de emprego que havia em latim entre o particípio presente (que era uma forma adjectiva), e o gerúndio (que na forma era um substantivo). Existia ainda o gerundivo (que era uma forma adjectiva) na língua latina. Em português, venerando (p. ex.) é um resto de gerundivo, e, tal como em latim, quer dizer «que deve ser venerado».
3) Em inglês o present participle é igual ao gerund, servindo o primeiro para a constituição da forma contínua ou progressiva dos verbos. Embora saindo da finalidade do Ciberdúvidas, esclareço que o gerúndio exprime quase sempre o fim, enquanto o particípio do presente ou activo é sempre um adjectivo e concorda com um substantivo, e, se for de significação transitiva, pede complemento directo. O present participle também se usa em vez de uma oração relativa. O gerund emprega-se para exprimir a simultaneidade de duas acções numa oração única, e ainda às vezes com a função de particípio absoluto, omitindo-se o auxiliar e o sujeito.
O particípio presente do latim equivalia igualmente a uma oração relativa, e este valor vê-se ainda no português: temente = que teme; viajante = que viaja; amante = que ama. Era declinável no singular e no plural, enquanto o gerúndio só o era no singular: amandi = de amar; laudando = louvando, para louvar; timendum = (para) temer. O gerúndio funcionava, portanto, como declinação do infinitivo: amare = amar; amandi = de amar; etc. Em português o gerúndio não se deve confundir com o particípio presente; por isso é errado dizer «dicionário contendo tantas palavras» (o correcto é: «que contém»). O nosso gerúndio exprime, sim, diversos complementos circunstanciais: fazendo = ao fazer, quando fazia, por causa de fazer, etc.