Palavras novas
Tenho por hábito inventar palavras novas que, geralmente, não passam do círculo restrito de familiares e amigos, mas espanta-me o uso sistemático (por parte até de figuras públicas, leia-se políticos) de miríades de palavras que não constam dos dicionários, ou que até podem constar mas induzem uma aplicação noutros contextos. Da lista fazem parte verbos muito em voga como "elencar", "compaginar" e "plasmar" ou o mais do que inédito substantivo "implantamento", que ouvi outro dia numa reunião. Serão modismos, erros crassos ou sinal de que a língua portuguesa é uma língua viva, passível de ver o seu léxico engrossado com um ramalhete fértil de palavras novas e úteis? Passado o espanto, é de integrar ou excluir aquilo que muita gente pensa, por soberba ou ignorância, estar a pronunciar correctamente? Para já não falar de certos aportuguesamentos ("clicar" já existe?) e expressões da moda como "sendo que", verdadeira rival dos "portantos" de outrora. Outro aspecto tem a ver com a dificuldade em traduzir/inventar rapidamente palavras novas capazes de serem adoptadas pelo público em geral, para que não tenhamos, por exemplo, de passar uma boa parte da nossa vida a falar de "T-shirts" e a ter de escrever a palavra em itálico ou entre aspas.
