O verso de Alberto Caeiro «uma aprendizagem de desaprender» reúne as condições próprias do oximoro1, a saber:
— Apresenta uma expressão antitética, ou seja, uma expressão com dois termos com significados opostos (aprendizagem/desaprender);
— Apresenta um paradoxo, uma vez que esses dois termos estabelecem entre si uma relação parodoxal; ou seja, verifica-se uma contradição a nível de sentido (ou há aprendizagem ou há desaprender; como pode haver, no desaprender, aprendizagem?);
— Essa relação parodoxal dos dois termos antitéticos implica uma interpretação do leitor, da qual resulta um novo conceito.
Por exemplo:
Este verso exprime a necessidade que o poeta tem de se libertar de todos os condicionalismos de ordem intelectual, virando-se para aquilo que existe em si de espontâneo, livre e puro…
O oximoro implica que haja, numa só expressão, antítese e paradoxo.
São exemplos de oximoros, entre muitas, as seguintes expressões:
instante eterno; lúcida loucura; grito do silêncio; obscura claridade.
1 N. E.: Oximoro ou oxímoro — a palavra pode ser acentuada das duas maneiras (ver perguntas relacionadas).