A discussão da origem do topónimo Góis (Coimbra) não confirma nem uma eventual relação com a língua hebraica nem com a comunidade judaica portuguesa. José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), citando outros autores, assinala a hipótese de este nome encontrar paralelo na toponímia dos Baixos Pirenéus (França), junto a Espanha, o que significa poder supor-se uma origem basca ou ibérica, tendo em conta o apelido/sobrenome basco Goyeche ou Goieche, etimologicamente «casa de cima» (goi, «cima», e etxe, «casa»). Também apresenta uma etimologia alternativa, de J.-M. Piel, que defende uma origem germânica (de um nome próprio Goi-, do gótico gauja, pela forma patronímica Goius).
No entanto, um outro estudioso da etimologia dos nomes de lugar, A. Almeida Fernandes (Toponímia Portuguesa: exame a dicionário, 1999), contesta as hipóteses avançadas por Machado, propondo outra explicação. Góis terá de ser interpretado em associação com Goios (Esposende e entre Vila Nova de Cerveira e Caminha), que remonta a Gaudiosus, que Fernandes interpreta como «rochoso»:
«Temos de curvar-nos à evolução lat. *cotiosu (do lat. cote-) > *goudiosu > *gouiosos > "Góios" (retracção tónica de Goiós, para evitar a confusão com os diminutivos em -ó, que eram o que mais de díspar haveria da impressiva ou dilatada paisagem rochosa.)»
Em suma, se existem topónimos de origem hebraica em Portugal, Góis não será exemplo com essa proveniência.