Os nomes dos povos indígenas são um caso muito especial do ponto de vista ortográfico.
Com efeito, além da norma ortográfica geral, existe a "Convenção para a Grafia dos Nomes Tribais" (CGNT), que foi estabelecida na 1ª Reunião Brasileira de Antropologia (Rio de Janeiro, novembro de 1953) e que determina que os substantivos se escrevam com inicial maiúscula e que estes e os adjetivos sejam invariáveis. Exemplo: os Apinayé, os Borôro, a cerâmica kadiwéu (cf. Dicionário Houaiss s.v. etnônimo).
Para os povos indígenas do território brasileiro, pode consultar-se o Dicionário Houaiss, que apresenta os nomes registados quer de acordo com a ortografia geral quer em conformidade com a CGNT. Contudo, torna-se mais discutível aceitar as formas de nomes de povos indígenas que vivem nos territórios de outros Estados, sobretudo quando se trata, como é o caso de "Mayos" e "Yoremes", de formas espanholas, que não seguem nem a ortografia do português nem os critérios da CGNT.
Sendo assim, apesar de opção por formas invariáveis Mayo e Yoreme, com maiúscula inicial se forem substantivos, nada obsta ao aportuguesamento desses nomes, os quais, no entanto, não parecem ter registo nos dicionários mais antigos ou atualizados. Apesar de tudo, podem sugerir-se as seguintes formas: "maios" e "ioremes".
É de notar que em Portugal, no quadro da ortografia geral, é possível escrever os etnónimos com maiúscula inicial quando se refere um grupo étnico ou uma nação no seu: «Os Tupinambás». No Brasil, ao que sabemos, mantém-se um preceito que já vem do Formulário Ortográfico de 1943, o de escrever estas palavras com minúscula inicial quando se aplica a ortografia geral: «os tupinambás».