Não tenho a certeza de que esta divisão seja consensual. De qualquer forma, podem aduzir-se algumas razões para considerá-la. A mais forte prende-se com o facto/fato de que, enquanto é possível criar novos advérbios de modo através de processos de formação de palavras produtivos (i.e., que formaram um grande número de palavras e que ainda formam palavras cuja estrutura é transparente), especialmente através do sufixo -mente, tal possibilidade não existe para os demais advérbios. A relevância deste critério resulta desta constatação: os morfemas gramaticais pertencem a classes fechadas (i.e., dentro das quais não é possível criar novos elementos de uma forma sistemática). Depois, podem encontrar-se muitas correlações entre advérbios e pronomes, do tipo «isto – aqui; isso – aí; aquilo – ali; o quê – onde», sendo que os pronomes também têm uma natureza gramatical. Adicionalmente, há vários advérbios que se relacionam com aspectos que são de carácter/caráter gramatical, como o tempo, assim como há outros advérbios que possuem valores semelhantes àqueles que outros morfemas livres de valor gramatical também exibem. É o caso das conjunções, como a causa ou, inclusivamente, o modo.
Obviamente, à luz destas considerações vale a pena perguntar por que razão a divisão respeitante ao carácter/caráter gramatical ou lexical de um advérbio será entre advérbios de modo e demais advérbios e não entre advérbios de modo em -mente (eventualmente também outras palavras, como «bem» ou «mal») e advérbios restantes (incluindo advérbios de modo como «como» ou «assim»).