O Acordo Ortográfico de 1990 estipula que pé-de-meia mantém o hífen, sendo assim uma exceção ao que o mesmo documento determina em relação às locuções substantivas que contêm um elemento de ligação sem se referirem a espécies botânicas ou zoológicas (Base XV, n.º 6):
«Nas locuções de qualquer tipo, sejam elas substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou conjuncionais, não se emprega em geral o hífen [...]. Sirvam, pois, de exemplo de emprego sem hífen as seguintes locuções: a) Substantivas: cão de guarda, fim de semana, sala de jantar;[...].»
No entanto, o Vocabulário Ortográfico do Português (VOP) do ILTEC, generalizando esta regra à palavra em causa, regista «pé de meia» com a variante pé-de-meia.
OBS.: Na discussão do uso dos hífenes em locuções com elementos de ligação (pé-de-meia/pé de meia ou sala de jantar), convém assinalar se contesta o critério adotado no VOP. Refira-se a posição do consultor D´Silvas Filho, que defende a conservação do hífen nas locuções que tenham perdido os seus significados composicionais (os dos seus elementos) para adquirirem significação própria. Nesta perspetiva, não só pé-de-meia, «dinheiro economizado e reservado para uma eventualidade futura» (cf. Dicionário Houaiss), conservaria os hífenes, sem admitir a forma «pé de meia», como todas as outras locuções mencionadas na pergunta também os conservariam, porque não são interpretadas literalmente (significados retirados do Dicionáro Houaiss): pé-de-atleta, «infecção da pele do pé»; pé-de-boi, «pessoa apegada aos antigos costumes»; pé-de-chinelo, «marginal pouco perigoso»; pé-de-galinha, «conjunto de rugas formadas em torno dos olhos»; pé-de-moleque, «doce consistente feito de açúcar ou rapadura com amendoim torrado»; pé-de-pato, «nadadeira» (ou «o diabo»).