Góis é, de facto, topónimo e antropónimo (como apelido), segundo o Dicionário Onomástico-Etimológico da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado (2003), caso frequente na língua portuguesa, a partir do qual se conclui que um está na origem do outro (ou o apelido tem origem geográfica ou o topónimo resulta do nome/apelido dos seus proprietários).
Enquanto topónimo, é frequente em Portugal – nos distritos de Coimbra, Alenquer (Casal dos Góis), Almodôvar (Montinho dos Góis), Arronches (Cova de Góis), Estremoz (Tapada do Góis), Évora (Herdade dos Góis), Lisboa (Pátio dos Góis), Mértola (A dos Góis), Odemira (Montinho dos Góis) – e no Brasil: Baía, Ceará, Rio Grande do Sul, São Paulo.
Da pesquisa realizada, concluímos que não é consensual a opinião sobre a origem do nome próprio Góis, para além de que resulta das formas antigas Goes, Gooes, Guoes, Goiz, Guois ou Goyos.
Por um lado, J. Leite de Vasconcelos, em Antroponímia Portuguesa1 (1928), coloca Gooes entre os casos de apelidos de origem geográfica, baseando-se nos Livros de Linhagens ou Nobiliários (in Portugaliae Monumenta Historica) a partir dos quais explica «como é que os nomes geográficos se originaram e transmitiram nas famílias: […] – “Reymon Rodriguez de Gooes…, e chamou-se de Gooes, porque viinha de hua irmãa do senhor de Gooes”» (p. 160), defendendo «a ligação de vários apelidos com senhorios, por exemlo: os senhores de Goes, chamaram-se do mesmo apelido» (p. 161). A presença da preposição de (de Gooes) no nome de família original reforça a tese de origem geográfica do apelido (os senhores de Gooes, os proprietários de Gooes), levando-o a explicar que a «tendência para fazer desaparecer a preposição» (p. 162), quando o apelido deixa de representar o senhorio de terras.
Por sua vez, José Pedro Machado (ob. cit.) considera que «todos estes nomes se devem ao topónimo português do distrito de Coimbra, a proprietários daí oriundos ou com esse apelido, isto é, Góis tornado topónimo».
1 Esta obra do reconhecido professor catedrático da Universidade de Coimbra tem como subtítulo Tratado comparativo da origem, significação, e vida do conjunto dos nomes próprios, sobrenomes e apelidos, usados por nós desde a Idade Média até hoje (1928), sendo uma obra de referência para a origem dos nomes portugueses.