1. Tal é um demonstrativo [selecciona apenas 3.ª pessoa, variável em número] ou adjectivo e pode ocorrer em construções com ou sem elipse do nome:
Determinante demonstrativo |
Adje(c)tivo |
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Sem elipse do nome |
« Ele é o tal colega que falta muito .» «Dá-me o endereço do tal médico .» |
« Nunca vi tal (= semelhante , igual , análoga ) teimosia .» |
Com elipse do nome |
« Ele é o tal [ colega ] que falta muito .» «Dá-me o endereço desse tal [ médico ].» |
« Nunca vi tal [ teimosia ].» |
Enquanto demonstrativo, tal participa em descrições definidas, ou seja, actua sobre um conjunto de entidades virtualmente definidas e selecciona uma parte singular única e determinada (o referente discursivo). Por outro lado, tem valor anafórico, ou seja, remete para o discurso anterior – essa é uma das razões por que pode ocorrer com elipse:
A: – Cá está a carta!
B: – A tal!
2. O contexto discursivo e situacional em que a expressão «de tal», apresentada na pergunta, é inserida não me parece muito verosímil. As ocorrências do tipo – «Rogério de tal»; «Maria de tal» – não me parecem nada naturais. Vejo, sim, essa expressão integrada em expressões fixas, como: «fulano de tal» ou «tantos de tal». Projecto estas expressões, por exemplo, numa situação em que alguém ensina outro alguém a redigir um documento oficial:
«Eu, fulano de tal, nascido em tantos de tal...»
Neste enquadramento, tal parece congregar o valor de determinação do demonstrativo com os efeitos do seu uso com elipse do nome a fim de marcar um “lugar vazio”, a preencher por uma expressão referencialmente saturada. Pensemos que pode corresponder a uma variável, como em matemática, um termo que pode tomar diferentes valores. De notar que «fulano» e «tantos» têm função similar.