A expressão referida pela nossa consulente não é propriamente latim… Trata-se – isso, sim – de uma chocarrice macarrónica digna do Palito Métrico(1)!
O primeiro termo (status) é latim de lei e significa, neste contexto, «estatuto ou condição social». O segundo vocábulo (pelatus) não existe em latim. Trata-se de uma adaptação jocosa do adjectivo espanhol pelado, que na linguagem coloquial significa «liso, teso, pelintra, sem cheta, sem um chavo, sem vintém».
Aplica-se a expressão àquelas pessoas, cada vez mais frequentes (não só em Espanha, mas também por estas bandas…), que, embora pouco abonadas, não abdicam de procurar reconhecimento social a todo o custo, por pura vaidade, alicerçada num complexo de superioridade dificilmente refreável, que as leva a recorrer constantemente ao crédito, a fim de adquirir bens caros e vistosos, cujo único objectivo é impressionar quem as rodeia e alimentar‑lhes o ego exacerbado. Em suma, «têm status», mas no fundo vivem com a corda na garganta…
(1) Palito Métrico: Colectânea de poemas, cartas e recomendações escritas em latim macarrônico, assinada por Antonio Duarte Ferrão, pseudónimo atribuído a um presbítero secular, o padre João da Silva Rebello (1710-1790). Publicada pela primeira vez em 1746, teve inúmeras edições e funcionou durante largas décadas como breviário das praxes académicas de Coimbra. O título, aliás, baseia-se numa praxe antiga, que obrigava os caloiros a medirem determinada distância com um palito…