DÚVIDAS

O predicado e os complementos circunstanciais

Os complementos circunstanciais quando à direita do verbo pertencem ao predicado?

Na frase «A lágrima continuava na face da Rita», dever-se-á admitir «na face da Rita» como complemento circunstancial de lugar, sendo que continuava é um verbo significação? Faz parte, ou não, do predicado?

Obrigada!

Resposta

As dúvidas que nos apresenta colocam-nos perante uma questão de perspectiva terminológica. Uma vez que não sabemos qual o ciclo de ensino a que esta questão diz respeito, optou-se por apresentar duas perspectivas terminológicas. Assim:

I) Se encararmos essa frase segundo a perspectiva tradicional (que respeita a Nomenclatura Gramatical Portuguesa de 1967), a sua análise sintáctica seria:

Predicado — «continuava» (neste caso, como verbo de significação definida)
Sujeito — «a lágrima»
Complemento circunstancial de lugar — «na face da Rita».

 

II) Se seguirmos o Dicionário Terminológico, a análise da frase é:

Sujeito — «a lágrima»
Predicado — «continuava na face da Rita»
«continuava» — verbo (copulativo)
«na face da Rita» — predicativo do sujeito.

 

Repare-se que, segundo o Dicionário Terminológico, o verbo continuar é classificado como verbo copulativo:

Costumam listar-se como verbos copulativos os seguintes: ser, estar, ficar, parecer (como em "parecer doente"), permanecer, continuar (como em "continuar calado"), tornar-se e revelar-se. Exemplos:

     (i) A Teresa está doente.
     (ii) A Ana é veterinária.
     (iii) A Margarida ficou calada.
     (iv) A Margarida continua em Lisboa.

 

É de referir, também, que um grupo preposicional — como «na face da Rita» — pode ser predicativo do sujeito, como se pode verificar pela exposição (e pelos exemplos) do Dicionário Terminológico sobre o predicativo do sujeito:

Função sintáctica desempenhada pelo constituinte que ocorre em frases com verbos copulativos, que predica algo acerca do sujeito. O predicativo do sujeito pode ser um grupo nominal (i), um grupo adjectival (ii), um grupo preposicional (iii) ou um grupo adverbial (iv-v).

Exemplos:

     (i) O João é [professor de Matemática].
     (ii) Os alunos estão [muito interessados].
     (iii) A Joana ficou [na escola].
     (iv) A minha casa é [aqui].
     (v) O teste é [amanhã].
 

De qualquer modo, e para que não haja situações de dúvida sobre a perspectiva a adoptar, aconselha-se a consulta das orientações dos programas, emanadas  pelo Ministério da Educação, relativas ao ciclo de ensino leccionado pela consulente.

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