Embora não seja impossível o uso de franganota como diminutivo, a verdade é que não é um diminutivo típico de franga. Além de valor diminutivo, o sufixo -ota adquire frequentemente tom depreciativo, tal como o sufixos correspondentes no masculino, -oto e -ote. No caso de franganota, esta palavra significa também «franga crescida», podendo até ter significação autónoma quando designa uma «rapariga/moça em idade de casar» (cf. Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, e Dicionário Priberam da Língua Portuguesa) ou simplesmente «rapariga/moça pré-adolescente», que é o que se passa no seguinte exemplo (de Aquilino Ribeiro, Terras do Demo, no Corpus do Português, de Mark Davies e Michael Ferreira):
«Rua abaixo vinha às corrimaças uma franganota dos seus dez anos que, vendo o charnequenho pelo braço do pároco, desatou às carcachadas.»1
Pode, portanto, dizer-se que em português franganota ganhou automomia (lexicalizou-se), não empregado como verdadeiro diminutivo.
Refira-se ainda que a lexicografia regista o masculino franganote, com o significado de «franguinho» (Dicionário Houaiss), mas também nas aceções de «frango crescido», «rapaz presumido» e «rapaz que dá ares de homem adulto» (cf. também Dicionário Priberam da Língua Portuguesa). Do mesmo modo que o feminino, apesar de a forma de masculino poder usar-se efetivamente como diminutivo, possui já significado próprio, relativo a seres humanos, provavelmente por extensão metafórica («um rapaz na puberdade é como um frango desajeitado que ainda não é um galo garboso»).
Note-se, por fim, os derivados assim sufixados pressupõem o radical frangan-, que remonta a uma forma arcaica de frango, frângão.
1 «Vinha às corrimaças» = «vinha a correr»; «charnequenho» = «habitante de charneca (ou de povoação assim chamada)»; «desatou às carcachadas» = «desatou às gargalhadas» (cf. José Pedro Machado, Grande Dicionário da Língua Portuguesa).