Como não conheço o dicionário em questão, limito-me a citar o artigo disponível no sítio brasileiro Conhecendo Dicionários (CDIC), desenvolvido no Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da UNESP — São José do Rio Preto:
«O Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa é o primeiro grande dicionário brasileiro de Língua Portuguesa. Organizado por Laudelino Freire, membro da Academia Brasileira de Letras, foi publicado em 1939-44 pela editora A Noite, no Rio de Janeiro. Teve duas reedições pela Livraria José Olympio Editora (1954, 1957), sem modificações no texto original.
«O projeto desse dicionário foi apresentado à Academia Brasileira de Letras e aparece na revista dessa instituição em 1924. Lá prevê-se que ele seria baseado no dicionário de Morais (Dicionário da Língua Portuguesa) e incluiria palavras já arroladas nos dicionários portugueses em circulação, além de brasileirismos e regionalismos. Ao final, depois de alguns anos de discussão na Academia, o dicionário de Freire teve publicação independente, ao passo que a Academia adotou em 1943 o plano do dicionário de Antenor Nascentes (Dicionário da Língua Portuguesa), publicado somente em 1961-67. O Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa apresenta-se em cinco volumes. Traz citações literárias de autores portugueses e brasileiros.
«Além dos "escritores consagrados", inclui termos da "linguagem ordinária" e das ciências, bem como brasileirismos, indianismos e africanismos.
«Uma das polêmicas que envolveram este dicionário está no fato de ele não marcar os brasileirismos: "Feito principalmente para brasileiros, este dicionário não precisa de indicação de brasileirismo" (Freire, 1939-1944, prefácio). Valoriza os "exemplos dos clássicos" e restringe o registro dos termos de gíria e conversação, evitando o que chama de "corrupção vocabular" ou "plebeísmos". Propõe um dicionário geral e não etimológico, incluindo apenas as etimologias "certas" (com indicação breve da origem dos termos) e evitando "as que geram dúvidas".
Quanto à definição, o autor diz adotar uma "linguagem clara e precisa", colocando em primeiro lugar a "acepção natural ou histórica" e a seguir a "extensiva ou figurada", "abonando-as quando de mister". Na morfologia, aponta o "desleixo com os clássicos" e trata a formação das palavras individualizando o elementos "para evitar o aparecimento de palavras mal formadas".
«Inclui, assim, elementos de composição provenientes do latim, do grego, de línguas indígenas, além de radicais de química. Realiza um trabalho de sistematização da regência verbal, efetuando classificações dos verbos e abonações com "exemplos clássicos".
«O Grande e Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa, ao lado do Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, de 1938, representa o início de uma série de dicionários brasileiros elaborados no século XX, que no seu conjunto conferiram uma autonomia em relação aos dicionários portugueses. Apesar de sua importância histórica, não houve continuidade editorial diante do aparecimento de outros dicionários brasileiros na segunda metade do século.»