A associação de mais a além não é redundante.
A expressão resultante – «mais além» – pode justificar-se de duas maneiras:
a) na situação de comunicação já se referiu um afastamento –«além» – que é ultrapassado por novo afastamento: «aqui cresce um pinheiro, ali um jacarandá, além uma roseira e mais além um carvalho»;
b) como expressão enfática: «o assunto é vastíssimo e podemos ir mais além do que já foi dito».
Há exemplos de «mais além» na literatura portuguesa do século XX (cf. Corpus do Português):
(1) «Seguia-se, depois, o canavial, recreio da boca, quando lhe apetecia um sumo adocicado, e, mais além, quatro pés de macacheira e alguns de mandioca, cultivados por entretenimento, pois a agricultura não era ali motivo de atracção.» (Ferreira de Castro, A Selva, 1935)
(2) «Os farolins acendiam-se lentamente: aqui um, mais além outro.» (João Gaspar Simões, Uma História de Província: Vida Conjugal, 1936)
(3) «O sol alumiou aqui, desapareceu, espraiou-se mais além, refulgiu no cobre duma lamparina, fez brilhar poeiras em suspensão, sumiu-se.» (Mário de Carvalho, Um Deus Passeando pela Brisa da Tarde, 1994)
Note-se que «mais além» também ocorre em textos literários brasileiros:
(iv) «O capinzal mais além onde ele ficava de castigo vigiando as galinhas para que não viessem pisar no coradouro os lençóis que alvejavam ao sol.» (Rachel de Queiroz, Dora, Doralina, 1975)
(v) «Mais além havia outra ponte, esta ligando Santo Antônio ao bairro da Boa Vista, que se formava sobre mangues aterrados.» (Gilvan Lemos, Espaço Terrestre, 1993)
Cumprimentos,
Ciberdúvidas da Língua Portuguesa