É um teste com várias frases que, segundo a norma brasileira, têm o mesmo erro de escrita: à (crase, contracção - contração no Brasil - da prep. a com o artigo a = à), quando a construção da frase pede apenas a preposição. Por exemplo, «fui à Lisboa», em vez de «fui a Lisboa». Como já referimos várias vezes no Ciberdúvidas, trata-se de problema sobretudo do Brasil e também de variantes africanas do português, em que a pronúncia corrente é /á/ tanto em à como em a.
A frase que Fred Lessing menciona tem a preposição até: «Diariamente até às 18:00.» A norma culta brasileira prefere até as (prep. até + artigo a + plural s do artigo) na escrita, já que a pronúncia no Brasil é semelhante à da forma até às (prep. até + prep. a + artigo a).
Em Portugal, a pronúncia corrente distingue /a/ de /á/, mas, na frase «espero até à 1 hora», a pronúncia fechada /â/ parece ir contra a índole da língua. Escreva-se como se escrever, tendemos a abrir o a nesta construção.
A norma culta portuguesa abona, pois, a grafia do mesmo até à que a norma brasileira desautoriza. Podemos interpretar este até à como a contracção da locução prepositiva até a (registada no dicionário Aurélio) + artigo definido a - ou a contracção da locução prepositiva até a + artigo definido o = até ao.
O emprego destas formas (até à, até ao) encontra-se em escritores portugueses desde Alexandre Herculano, segundo o estudioso brasileiro Napoleão Mendes de Almeida. Mas - salienta o autor do Dicionário de Questões Vernáculas - clássicos como Luís de Camões escreveram: «Vendo ora o mar até o inferno aberto».
Resumamos, contudo: pelos motivos expostos, no Brasil deve grafar-se até as 18 horas, até o fim. E em Portugal: até às 18 horas, até ao fim.