De acordo com o Dicionário das Origens das Frases Feitas, de Orlando Neves (Lello & Irmão - Editores, Porto), «diz-se [«de cabo de esquadra»] quando alguém nos apresenta um argumento estúpido, ilógico, inadequado. Afigura-se óbvio que a origem da expressão está no "cabo de esquadra". Quem são ou quem foram os "cabos de esquadra"? Em tempos não muito remotos [em Portugal] o graduado inferior de uma esquadra de polícia era conhecido como "cabo de esquadra". Nesses tempos, mais do que hoje, os agentes da Polícia provinham da população rural, com poucas letras e tacanha civilidade. Entrados na tropa, após o fim do tempo de serviço militar, muitos deles, por natural desejo de melhoria de vida, alistavam-se na Polícia, na Guarda Republicana ou na Guarda Fiscal. Habilitações mínimas (o saber ler e escrever e, mais tarde, a 4.ª classe) bastavam para esse ingresso. Provirá a frase dessa incultura, aliada a uma certa boçalidade que só o passar dos anos poderia atenuar, quando acontecia? É provável, porque não parece muito lógico que ela tivesse ido beber a sua fonte a outra significação de "cabo de esquadra", embora também nesta hipótese estejamos na área militar, e sabe-se como, neste sector, ordens são ordens, mesmo que elas primem pela inteligência pouca. Chamava-se, e ainda talvez se chame, "cabo de esquadra" ao oficial da Marinha de Guerra que comandava uma das divisões da Armada, denominada "esquadra". Lembremo-nos de Nelson, o maior "cabo de esquadra" da história marinheira. Mas, como esse comandante tinha de ser, obrigatoriamente, um oficial-general, pressupondo, pois, uma certa bagagem cultural, só nos resta encontrar na hipótese da tal disciplina férrea, tantas vezes, incongruente, cega e teimosa, a origem possível da frase.»
Quanto à expressão «mortinho por chegar a casa», não nos foi possível apurar a origem da mesma, talvez por se tratar de uma hipérbole (um exagero de expressão, ampliando a verdadeira dimensão das coisas) que pode ser aplicada a qualquer coisa, não só a "chegar a casa": «Estou mortinho por um bacalhau com natas»; «Estou morto por descalçar estes sapatos novos», por exemplo. O Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões (Publicações D.Quixote, Lisboa), parece confirmar isso atestando apenas a expressão que lhe está na base, Morto por, dando-lhe o significado de desejoso de.
N. E. – Esta resposta serve também para uma pergunta da consulente M.Fátima Tomás.