Não conheço fontes que identifiquem as circunstâncias em que apareceu o dito ou provérbio «Morra Marta, morra farta» (ou a variante «Morra Marta, mas morra farta»), interpretável como «é necessário aproveitar a vida».
No entanto, há quem considere que o nome Marta na frase ocorre apenas como rima de farta, como, por exemplo, a linguista Ana Cristina Macário Lopes (Texto Proverbial Português – Elementos para uma análise semântica e pragmática, tese de doutoramento, Universidade de Coimbra, 1992, pág. 95):
«No provérbio "Morra Marta, (mas) morra farta", o nome Marta designa qualquer elemento do conjunto dos seres humanos. Neste provérbio, o tropo não afecta um item isolado, mas sim a globalidade do texto; com efeito, o provérbio em apreço é habitualmente interpretado como uma exortação epicurista do tipo "Que cada homem aproveite bem a vida!". A passagem da exortação específica literal ("Morra Marta, morra farta!") para a exortação genérica figurada ("Que cada homem aproveite bem a vida!") é desencadeada novamente pelo bloqueio interpretativo suscitado pelo (aparente) nome próprio: na impossibilidade de lhe atribuirmos um referente fixo e único, pela ausência de informação contextual, operamos uma extensão referencial compatível com o carácter normativo e sentencioso do texto proverbial. A selecção do nome Marta é ditada por imperativos contextuais, nomeadamente pela necessidade de rima interna com farta.»