Para justificar o meu ponto de vista, proponho que comecemos por analisar, como exemplo, o que se passa com a família de palavras relacionadas com execução.
Execução: acto ou efeito de executar.
Exequível (ou executável): que se pode executar.
Exequibilidade: qualidade do que é exequível (o sufixo -(i)dade a transformar o adjectivo em substantivo e o elemento -vel a regressar ao elemento culto bil).
Apliquemos o mesmo raciocínio a manutenção:
Manutenção (ou manutenência): acto ou efeito de manter.
Manutenível: passível de ser mantido.
A qualidade que se atribui ao que é/foi/será passível de ser mantido (ter manutenção) não está ainda dicionarizada; mas, nesta lógica de raciocínio, será:
Manutenibilidade.
Raciocinando de outro modo, temos:
Segundo José Pedro Machado, manutenível é a forma culta do latim `manu tenere´ (segurar com a mão), na qual a sucessão en está presente.
Também por este motivo, manutenibilidade é a forma etimológica.
No entanto, Houaiss regista:
Manutência = manutenção.
E o Vocabulário da Academia Brasileira de Letras regista:
Manutível.
Ora, destes dois últimos termos também se pode estabelecer o termo manutibilidade, defendido pelo consulente. Será uma simplificação da forma erudita. A língua tem vários exemplos destas simplificações (ex.: saudade + oso > saudadoso > saudoso), formas que são aceitáveis quando estiverem generalizadas na comunidade culta que as utilizar. Ora, se for justamente este já o caso de `manutibilidade´, então, esta variante, para o mesmo conceito, poderá considerar-se que terá entrado no léxico pela via da sua utilização técnica. Dado que não contraria a índole da língua, será, então, do meu ponto de vista, tão legítima como a forma culta preconizada na errata da norma citada. A língua tem inúmeras destas duplicações com formas eruditas (ex.: herbanário/ervanário). Algumas vezes estabelecem confusão.
Ora uma das leis da vida é a sua renovação jovem.
Embora se deva respeitar a história de muitas gerações de falantes que as palavras trazem consigo, também uma língua que não se renova... fica ‘anquilosada´ (`ancilosada´, termo etimológico...)
Ao seu dispor,