O verbo louvar é um verbo transitivo directo e, como tal, vem acompanhado de um complemento directo. Embora este complemento se caracterize por ocorrer sem preposição, há situações previstas na gramática que admitem a sua utilização iniciado por preposição. Isso pode acontecer, por exemplo, com verbos que exprimem sentimentos como dizem Celso Cunha e Lindley Cintra na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Sá da Costa, Lisboa), que dão como exemplo:
«Não amo a ninguém, Pedro. (Ciro dos Anjos...)»
Na Gramática Universal da Língua Portuguesa, de Borregana (Texto Editora, Lisboa), o exemplo que surge é:
«Amar a Deus.»
Por seu lado, Evanildo Bechara diz na Moderna Gramática do Português (Editora Lucena, Rio de Janeiro):
«Não raro o objeto (directo/direto) aparece iniciado por preposição:
(...)
b) quando, principalmente nos verbos que exprimem sentimentos ou manifestações de sentimentos, se deseja encarecer a pessoa ou ser personificado a quem a ação verbal se dirige ou favorece:
Amar a Deus sobre todas as coisas»
Em relação ao verbo louvar não encontrámos nenhum exemplo estudado que ilustre a sua ocorrência com complemento directo preposicionado. Podemos, no entanto, aceitar a explicação de Evanildo Bechara, já que louvar é uma forma de encarecer alguém e, nesse caso, o complemento directo preposicionado justifica-se por si. Podemos, porém, considerar apenas que se trata de uma analogia com o que acontece com o verbo amar.
Repare-se ainda que se trata de uma de construção não muito recente, pois já deu origem ao nome vulgar de um insecto, o louva-a-deus, e a uma expressão mais ou menos fixa como a que é registada no verbete louvar do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, Porto:
«É um louva a Deus.»
Note-se que, quando é pronominalizado, o complemento directo/direto preposicionado segue a regra geral e é sempre substituído pelo pronome que lhe corresponde:
«Eu amo a Deus/ao Senhor. – Eu amo-O.»
«Eu louvo a Deus/ao Senhor. – Eu louvo-O.»