Relativamente à questão sobre a ortografia de pequeno-almoço, que, refira-se, já surgia grafado com hífen antes do Acordo Ortográfico, deverá manter-se a utilização do hífen, funcionando este vocábulo como um composto por justaposição (segundo a designação tradicional, utilizada no Acordo Ortográfico) e sendo os compostos por justaposição hifenizados, conforme estipulado no artigo 1.º da base XV.
Quanto aos casos de alho-francês, feijão-preto, feijão-vermelho e feijão-branco, o texto do Acordo Ortográfico refere que se deve empregar hífen «nas palavras compostas que designam espécies botânicas e zoológicas, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento» (ver artigo 3.º da base XV). Todos os vocábulos que refere se inserem na área da botânica, à semelhança de feijão-verde (que surge como exemplo no texto do Acordo), pelo que todos deverão ser hifenizados segundo a nova norma, ainda que antes do Acordo tivessem oscilações quanto à hifenização: alho-francês era registado com hífen já com alguma sistematicidade, mas feijão-preto, feijão-vermelho e feijão-branco, ou o referido feijão-verde, tipicamente eram grafados sem hífen em Portugal, surgindo já com hífen no Brasil, nomeadamente em dicionários de referência, como o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2003).
Poderia levantar-se a questão de feijão-preto, feijão-vermelho ou feijão-branco serem, ou não, verdadeiras espécies e de saber se só as espécies, do ponto de vista da terminologia científica, devem ter hífen. É um facto que feijão-preto, feijão-vermelho e feijão-branco não são, no sentido estrito do termo, espécies, mas, sim, subtipos ou variedades de uma mesma espécie, o feijão, com a designação científica phaseolus vulgaris.
Contudo, se atentarmos nos exemplos dados no Acordo Ortográfico, que incluem quer vocábulos que já eram grafados com hífen antes de 1990, quer outros que passarão agora a ter hífen, aquilo que verificamos é que, na realidade, o termo espécies deve ser aqui entendido num sentido lato, uma vez que vários outros exemplos dados no texto oficial, como couve-flor, designam não espécies mas variedades de espécies (no caso mencionado, da couve, termo genérico da espécie brassica oleracea), à semelhança do que acontece com feijão-preto, feijão-vermelho e feijão-branco em relação a feijão.
O objetivo parece, pois, ser o de fazer uma uniformização na utilização do hífen nos vocábulos destas áreas, pela aplicação de uma regra única apresentada no novo Acordo.