Esta forma verbal comparece no capítulo V d'Os Maias, em fala de Ega ao amigo Carlos, quando lhe propõe ir visitar o casal Gouvarinho: «[...] Terça-feira vou-te buscar ao Ramalhete, e vamo-nos "gouvarinhar"» (Edição Livros do Brasil, s. d., p. 135).
A condessa, inglesa de 33 anos, de «apetite perverso e requintado», assedia Carlos, a quem é apresentada por interposto Ega, num intervalo do São Carlos. Visita-o, depois, no seu consultório do Rossio (pretextando doença do filho), com que se inicia uma relação amorosa de três semanas. Interessada, propõe, mesmo, a fuga. Ao saber de Maria Eduarda, rompe com o amante.
De facto, Ega faltara à promessa de o ir buscar «para se irem gouvarinhar»; e, quando Carlos encontra o amigo, antes de irem assistir aos Huguenotes, «perguntou, rindo, ao Ega:
– Então, quando nos "gouvarinhamos?"» (p. 141)
A forma é, pois, «gouvarinhar-se» ou «ir-se gouvarinhar»: associada ao «empenho» da condessa, passa a significar mais do que simples conhecimento ou visita à casa da dita; na verdade, será, para Carlos, estabelecer uma relação amorosa com a condessa de Gouvarinho. Hoje, por extensão, poderíamos dicionarizar a fórmula como "ter uma relação amorosa com mulher casada".