1. – No caso da consulta, apenas o substantivo feminino é precedido de artigo definido.
Por isso, só neste caso há crase. Ora comparemos:
(a) Uma tábua cortada à serra.
Aqui, o à é a crase de a (preposição) + a (artigo). Mas:
(b) Uma tábua cortada a serrote.
Aqui, o a é apenas preposição.
c) Pão cortado à faca. Mas:
d) Pão cortado a canivete.
(e) Porta fechada à chave. Mas:
(f) Porta fechada a cadeado.
(g) Um tecido fino cosido à linha.
(h) Um tecido grosso cosido a cordel.
2. – Estes exemplos não querem dizer que o substantivo masculino nunca vai precedido de artigo. Quando vai precedido, a contra(c)ção não se faz por crase, mas por sinérese, isto é, em ditongo:
(i) O Pedro mora ao pé de mim.
(j) Esse largo fica ao cimo desta rua.
(l) Estou ao calor da fogueira.
(m) Vejo um automóvel ao longe.
Nos exemplos (b), (d), (f) e (h), o substantivo masculino não vai precedido de artigo. E compreende-se, porque o que interessa é a preposição para indicar o complemento circunstancial de instrumento.
Nos exemplos de (i) a (m), o substantivo masculino vai precedido de artigo (ao pé = a o pé). E compreende-se: é necessária a presença do artigo definido para definir, isto é, para indicar com precisão o ser: pé, cimo, calor, longe.
Notas: 1.ª – Aqui, a palavra ser não indica apenas aquilo que tem realidade [como «o pé» em (i)], mas também aquilo que se concebe como se a tivesse [como «o longe» em (m)].
2.ª – Se alguma dúvida persistir, estamos ao vosso dispor.