Estrofe, genericamente, é cada um dos grupos de versos que formam um poema.
Vejamos, agora, o que sobre o assunto se pode ler no Dicionário Breve de Termos Literários, de Olegário Paz e António Moniz (Editorial Presença, Lisboa):
«[Do grego "strophé", volta] Definida genericamente como sendo um conjunto de versos, a estrofe supõe uma certa unidade lógica, rítmica (...) e rimática (caso haja rima) entre os versos que a compõem. Apresentada vulgarmente como sinónimo de estância, difere dela quanto ao grau da referida unidade. Na mancha do poema, aparecem separadas por espaços em branco. Tal configuração retrata a pausa rítmica e lógica, mais evidente na estância do que na estrofe. Tenha-se em mente, por exemplo, as estâncias de Os Lusíadas e estrofes com encavalgamento [recurso poético, também denominado transporte, particularmente relacionado com o ritmo] como o desta cantiga de amor de D. Dinis, que toma o nome de atafinda [técnica de construção poética, patente em muitas cantigas trovadorescas, que consiste em fazer com que uma frase que teve início no fim de uma estrofe tenha seguimento sintáctico no primeiro verso da estrofe seguinte]: "(...) / rougu[e] eu a Deus, que end[e] há o poder, / que mi a leixe, se lhi prouguer, veer // Cedo, ca (...)", ou este outro do célebre poema de Fernando Pessoa. "Ela canta, pobre ceifeira, / Julgando-se feliz talvez; / Canta e ceifa, e a sua voz, cheia / De alegre e anónima viuvez, // Ondula como um canto de ave / (...)".
«Conforme o número de versos que a compõem, assim a estrofe toma o nome de dístico, quadra, quintilha, sétima, oitava, nona, décima, etc. Na mesma estrofe, surgem, por vezes, combinações de versos de medida diferente. São as estrofes ditas compostas, construídas com o recurso ao pé quebrado [versos que, sem alteração do ritmo do poema, carecem de sílabas métricas necessárias para se igualarem aos mais longos, com os quais alternam]. Veja-se, por exemplo, a combinação decassílabo com o hexassílabo, no poema de Almeida Garrett: "Não te amo, quero-te; o amar vem d'alma. / E eu n'alma - tenho a calma, / A calma - do jazigo. / Ai! não te amo, não", ou a do heptassílabo com o de três e quatro sílabas, do mesmo poeta: "Pescador da barca bela, / Que é tão bela, /Ó pescador?".»