1. – A grafia correcta do encurtamento (e «não diminutivo») de Alcino só pode ser Cino e não Sino, porque em Alcino não existe a letra s.
2. – Segundo esta doutrina, só será correcto escrevermos Ção como encurtamento de Conceição. É claro que é conveniente escrever esta letra maiúscula com a forma Ç.
É certo que as regras ortográficas em vigor dizem o seguinte nas «Bases Analíticas do Acordo Ortográfico de 1945» na Base V, a):
«Em princípio de palavra nunca se emprega ç, que se substitui invariavelmente por s: safio, sapato, sumagre, em vez das antigas escritas çafio, çapato, çumagre.»
Apesar desta doutrina, que está muito certa, aconselhamos a grafia Ção pelo seguinte:
1. - A doutrina da referida «Base V» refere-se ao geral das palavras que poderiam começar por ç. Mas o vocábulo Ção está bastante fora desse grupo, porque é proveniente do encurtamento dos antropónimos Conceição, Encarnação, Assunção e mesmo de apelidos, como Purificação (Maria da Purificação), Ressurreição (Maria da Ressurreição); e outros há.
Como vemos, esta palavra Ção, por ser proveniente do encurtamento de várias palavras (e não de uma só) terminadas em -ção, encontra-se inteiramente fora do grupo de palavras mencionadas na referida Base V.
2. - Mais ainda: Quando lemos o encurtamento Ção, somos levados a visualizar o nome da pessoa (Assunção, Encarnação, etc.), o que até nos agrada se formos amigos desse ser humano. Ficamos, então, a pensar nessa «Çãozinha» e a senti-la. Talvez isto não se dê como mesmo agrado e a mesma intensidade, se lermos o encurtamento São em vez de Ção.
3. - Em presença do vocábulo São em vez de Ção, não seremos levados a ligarmo-nos também ao verbo ser, em vez de somente a determinada criatura humana?
4. - Como as regras da ortografia vigente não abrangem a escritura dos encurtamentos, parece-nos que podemos resolver este assunto por nós próprios: e a melhor maneira de o resolver é adoptarmos a grafia Ção para o encurtamento de Conceição.
Não está certo defender-se a ideia de que cada um de nós tem o direito de escrever o seu próprio nome como entender. É certo que somos donos do nosso nome, mas não somos donos da grafia dele. Dono é o Governo, porque é ele que impõe a ortografia. Por isso, quem tiver o seu próprio nome ou apelido de Ataíde, escrito assim mesmo no registo do nascimento, não o deve escrever doutro modo. Está sujeito, até, a não ser identificado, se escrever Atayde. Mais ainda: a letra y, nem sequer pertence ao alfabeto da Língua Portuguesa.