A expressão «ponto de vista» foi desde sempre posta em causa pelos defensores da pureza da língua portuguesa. Tem sido considerada como galicismo, principalmente quando precedida de «sob»: «sob o ponto de vista» (fr. "sous le point de vue"). Preferimos transcrever o que, acerca deste assunto, escreveu Vasco Botelho do Amaral (Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas do Idioma Português, vol. 2, Lisboa-V. N. de Famalicão, 1958, p.713): «Não é expressão vernácula, principalmente antecedida pela preposição sob. Em vez de se redigir, por exemplo: "Encaramos o problema sob vários pontos de vista", devêramos escrever: a várias luzes, de (e não sob) vários pontos de vista. Debaixo do ponto de vista também não é locução correcta, mas sim debaixo do aspecto, por esta face, no que toca a, a este respeito, a esta luz, neste campo, por este lado, por esta feição, no tocante a, no referente a, etc. Mas, visto que a expressão vai ganhando terreno, ao menos deve atender-se que é ilógico dizer debaixo do ponto de vista e que mais aceitável será: do ponto de vista ou no ponto de vista». Embora, por vezes, não subscrevamos algumas das posições do autor citado, pensamos que o passo transcrito resume bem o problema agora em apreciação. Ambas as expressões (do ponto de vista e no ponto de vista) são, portanto, legítimas e podem ser consideradas como equivalentes do ponto de vista semântico. No entanto, pensamos que a primeira (do ponto de vista) aponta para uma perspectiva mais geral do que a segunda («Do ponto de vista da Moral, a atitude referida é condenável» e «No ponto de vista do professor, a atitude referida é bastante condenável»). Mas esta é uma das tais questões controversas a discutir…