DÚVIDAS

Discurso indirecto livre

Um professor meu me disse ser o discurso indireto livre um discurso de pensamento, onde a mente da personagem vem pela voz do foco narrativo.

Todavia, Celso Cunha diz que o discuro em causa é aquele em que há a expressividade do direto e as características formais do indireto (tempo verbal, pronomes, advérbios), podendo, portanto, sem nenhum problema, reproduzir uma fala da personagem, e não somente um pensamento. Quais são suas opiniões? Qual a bibliografia sobre o assunto? Por favor, dêem-me exemplos.

Obrigado.

Resposta

O discurso indirecto livre, como se lê na Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, «aproxima narrador e personagem, dando-nos a impressão de que passam a falar em uníssono.» Aí se lê, citando Charles Bally, que «o ideal de perceber-se o autor na sua criatura, este culto da impermeabilidade dos naturalistas, haveria de encontrar no discurso indirecto livre a sua forma de expressão ideal».

Eis um exemplo colhido em Cunha e Cintra: «O rancor roncava no seu peito vazio. Uns comunistas, era o que eram; uns comunistas. Olhou-os com sua cólera de velha. Pareciam ratos se acotovelando, a sua família.»

A Gramática de C. Cunha e L. Cintra indica autores que estudaram o assunto, tais como T. Kalepxi, Leo Spitzer, E. Lorck, Nicola Vita e O. Jespersen.

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