Na minha opinião, é significativo que autoridades em etimologia, como o professor Rebelo Gonçalves, omitam o termo dinossáurio. E está correcta a explicação etimológica de José Neves Henriques. O sufixo "-ios" é usado frequentemente em Grego para adjectivos, que depois, eventualmente, poderão ter sido substantivados.
Por outro lado, pretender a excelência de um termo formado com um elemento grego ("deinos") e o outro latino ("saurios"), como faz um dos participantes no debate do Correio, é querer construir um hibridismo, o que é altamente desaconselhável. Talvez seja justificável para os cientistas de outras especialidades, mas não para os linguistas – e são estes que sabem se a forma é, ou não, correcta.
O vocábulo dinossauro é corrente quer em Portugal quer no Brasil e, do ponto de vista linguístico, está mais bem formado do que "dinossáurio", que nem tem a seu favor a força do uso pelo maior número. Quando alguns persistem em empregar "dinossáurio", estão no seu direito de preferir uma palavra híbrida – portanto, tecnicamente mal construída.
Existem muitos hibridismos no nosso léxico. Mas foram dicionarizados, e bem, por imposição do uso. Como é evidente, isso não acontece com "dinossáurio". Os linguistas que colaboram nos dicionários em Portugal podem registar este termo, mas, cientificamente, têm o dever de indicar: a) que ele foi mal formado; b) que tem uso restrito em alguns meios académicos; c) que se deve preferir o emprego de dinossauro, porque, além de etimologicamente correcto, é um termo corrente em Portugal e no Brasil.