Cara consulente, permita-me um desabafo quanto ao modo como hoje se ensina nas escolas: aplanando todas as dificuldades, tentando apresentar as matérias como «jogos», nunca fazendo apelo à memória. No «meu tempo», exagerava-se no aprender de cor, mas não havia outra maneira de responder às perguntas do exame de Biologia sobre o aparelho digestivo do ouriço do mar, ou sobre a estrutura molecular das folhas da macieira.
No «nosso tempo», exagera-se para o lado contrário, não se treina o trabalho individual nem a memória, que até parece ter deixado de ser uma das características, e não das menos importantes, da inteligência humana.
Tome isto, repito, como um desabafo da mágoa com que observo o plano inclinado por onde resvala o ensino em Portugal, correndo direitinho para o desastre.
Talvez o mesmo não aconteça no Brasil, mas a sua pergunta fez-me pensar na importância da memória na aprendizagem precoce de certas questões mais complexas.
É correcto dizer que o sujeito é a pessoa ou coisa acerca da qual se faz a afirmação contida no verbo; o que as crianças precisam de aprender é que há verbos impessoais (predicados que não têm sujeito), nomeadamente os que exprimem situação climática: «chove», «neva», «faz frio». E como são poucos, não acha que elas podem usar a memória e fixá-los?
Aprendi, na escola primária, que sujeito é aquele que pratica a acção, excepto na voz passiva, em que o sujeito sofre a acção praticada pelo agente da passiva: joão (sujeito) foi mordido (predicado, estando o verbo na voz passiva) pelo cachorro (complemento agente da passiva).
Se não tiver sido clara a minha opinião, não hesite em escrever de novo.