As denominações de adjunto adverbial e de complemento nominal não se usam em Portugal. Usam-se no Brasil, onde há boas gramáticas que ensinam isto. Uma delas é a Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunha.
Vejamos, então, o assunto frase por frase:
(1) Sou famoso no Brasil.
O elemento no Brasil não está a completar sou, mas famoso – famoso no Brasil, porque sou é vazio de significação. Não o seria, se significasse existir. Sou é apenas um elemento de ligação entre eu (subentendido) e famoso. Conservando o valor semântico de sou nesta frase, não dizemos «Eu sou no Brasil», mas dizemos «Eu, famoso no Brasil».
O elemento no Brasil é adjunto adverbial de famoso. O adjunto adverbial liga-se, como sabemos, a um verbo, a um adjectivo ou a um advérbio. É isto o que me parece, salvo melhor opinião.
A frase não quer dizer que «tenho fama apenas no Brasil», porque não há nenhuma palavra que exclua qualquer das outras nações. Apenas denota a certeza de que «tenho fama no Brasil».
(2) Tenho sucesso no mundo dos negócios electrónicos.
O predicado desta frase é tenho sucesso. Mas o núcleo deste predicado é tenho – tenho onde? Por isso no mundo dos negócios electrónicos é adjunto adverbial de tenho. Isto é, é o complemento circunstancial de lugar onde de tenho, na nomenclatura gramatical portuguesa de Portugal.
(3) A Bacia Platina pode sustentar um projecto de grande envergadura, no plano dos transportes fluviais.
O caso é semelhante ao anterior. O predicado é «pode sustentar um projecto de grande envergadura», cujo núcleo é «pode sustentar». Pode sustentar onde? Pode sustentar no plano dos transportes fluviais (adj. adv. de pode sustentar).
A presença ou a ausência da vírgula em «envergadura» não tem qualquer valor, porque está a mais. Deve-se suprimir. Não há razão nenhuma para separar o complemento de lugar onde daquilo que o antecede. Se alguma dúvida permanecer no prezado consulente, estou ao seu dispor, uma vez que o assunto é para pensar.