É claro que não há necessidade de, nas palavras terminadas no masculino em -nte. seguir a mesma lógica de infante, infanta, mas já se encontram os femininos giganta e presidenta; e outros, como governanta, almiranta. E entre o povo ouve-se estudanta, comercianta, parenta, chefa. E bem sabemos que linguagem do povo é, não raro, mais correcta do que a das pessoas cultas. O povo, ao contrário das pessoas cultas, segue aqui a tendência da língua.
Na época actual, esta tendência é muito benéfica: como temos as mulheres com as mesmas profissões dos homens, convém um substantivo feminino para as denominar. A tendência da nossa língua para tal é uma riqueza que não devemos pôr de lado. Os franceses vêem-se sem solução para conseguirem o mesmo na língua deles, com a mesma facilidade.
Não empobreçamos a Língua Portuguesa, diminuindo-lhe a maleabilidade de facilmente formar palavras femininas. Se vierem a fixar-se os vocábulos em questão, a nossa língua torna-se mais rica. Reparemos até no seguinte: o «Índice das Profissões no Masculino e Feminino» do Instituto do Emprego e Formação Profissional, de 1988, menciona femininos como estes: ajudanta, alfaiata, bombeira, barbeira, feiranta, governanta.
A mesma necessidade há de formar palavras masculinas a partir das femininas, no caso de os homens se ocuparem em profissões que antigamente eram desempenhadas apenas por mulheres.
Quanto a infanta, nunca vi em nenhuma obra que houvesse influência do espanhol. Mas, mesmo que tenha havido, está inteiramente formada dentro das regras da nossa gramática.
A formação de novos femininos não é uma questão de exigência, mas de necessidade e de conveniência em seguirmos as tendências da nossa língua.