Apesar de se tratar de uma expressão que não uso muito, acho que posso falar sobre a história que lhe deu origem. Conta Hesíodo (tanto em Os Trabalhos e os Dias, como n' A Teogonia) que Zeus se irritou com Prometeu, um titã, por este ter ajudado os homens. Mais precisamente, Zeus escondera o fogo aos homens e Prometeu ardilosamente roubou fogo para dar aos homens. Irado, o pai dos deuses vingou-se: não só puniu Prometeu, acorrentando-o no Cáucaso (onde uma águia ia diariamente comer-lhe o fígado), como também mandou Hefesto fazer uma bela mulher.
Depois de fabricada, todos os deuses do Olimpo lhe concederam um dom, daí que ela tivesse sido chamada Pandora (a que recebeu todos os dons). Então, Zeus ordenou a Hermes que fosse entregar esta bela mulher a Epimeteu, irmão de Prometeu. Cabe aqui abrir um parêntesis para explicar o significado dos nomes destes dois irmãos: Prometeu significa o que vê antecipadamente, o que prevê; por seu turno, Epimeteu significa o que só vê depois.
É um pormenor importante, dado que Prometeu advertira uma vez o irmão para que nunca aceitasse um presente de Zeus. Epimeteu, contudo, esqueceu-se e recebeu satisfeito Pandora em sua casa. Tinha Epimeteu em casa um grande vaso tapado. E avisou Pandora de que nunca o deveria abrir. No entanto, esta, curiosa, aproveitou a ausência de Epimeteu, um dia, e abriu o vaso. Imediatamente todos os males saíram de dentro do vaso e caíram sobre os homens. Pandora fechou o vaso, encerrando lá no fundo a única coisa que não conseguiu sair: a esperança.
Pandora é, assim, o símbolo da curiosidade feminina, mostrando como esta pode ser funesta, e a expressão «caixa de Pandora» indica todos os males que nos podem afectar numa situação específica.
Espero ter sido clara e satisfatória.