Os termos balcanização e mexicanização – assim como os verbos balcanizar e mexicanizar –, apesar de bem formados e utilizados na linguagem política, não estão registados nos dicionários portugueses e brasileiros que consultámos.
O substantivo balcanização remonta ao princípio do século XX, após a I Guerra Balcânica (1912): a Turquia foi derrotada por uma aliança entre a Sérvia, a Bulgária, a Grécia e depois o Montenegro (apoiados pela Rússia), mas os vencedores não se conseguiram entender quanto à partilha dos territórios europeus conquistados aos Turcos. Por isso, passou a designar-se como balcanização a confusão de nacionalidades ou etnias, culturas e religiões, consubstanciada na ocorrência frequente de litígios fronteiriços. Quando se diz que o partido X está balcanizado, isso significa falta de autoridade da direcção sobre diversas facções que se combatem dentro dessa organização partidária.
O substantivo mexicanização – no sentido em que o empregam os políticos portugueses – tem origem na experiência do partido que governou o México até ao final do século XX: primeiro sob o nome de Partido Nacional Revolucionário (1929), depois Partido Revolucionário do México (1938) e, após 1946, Partido Revolucionário Institucional.
Na linguagem política, este termo indica o modo de um partido se perpetuar no Poder através de fraudes eleitorais, influência de caciques e concessão de estímulos mais ou menos legais aos eleitores, o que se traduz na obtenção dos votos da maioria em sucessivas eleições. Há quem classifique esta fórmula como "ditadura reformista" ou "ditadura eleitoral".
No Brasil, segundo Amílcar Caffé, a palavra ganhou novo significado depois da conclusão do acordo NAFTA de comércio livre no espaço da América do Norte: os economistas brasileiros passaram a chamar mexicanização à crónica dependência económica do México perante Washington.