Trata-se de uma mistificação. Se os apelidos (sobrenomes) com nomes de árvores fossem todos de origem judia, bastava à Inquisição chamar todas as pessoas com nomes de árvore e queimá-los para acabar com os cristãos-novos. Entre os nomes acusados pela Inquisição está o de Damião de Goes e, ao que eu saiba, Goes não é nome de árvore (os inquisidores chegaram a desenterrar os seus ossos para queimá-los, porque o homem já estava morto quando terminaram o processo). O principal dramaturgo português do século XVIII, António José da Silva, que terminou seus dias queimado numa fogueira, não tem nome de árvore - silva é um arbusto. Não há nenhum dado que permita afirmar que D. Nuno Álvares Pereira, o vencedor da batalha de Aljubarrota, tenha antepassados judeus. Também é importante ter em conta que até o século XIX, o apelido (sobrenome) não obrigatoriamente era passado de pai para filho. Podia muito bem passar do padrinho para o afilhado, ou ser escolhido ao acaso - a não ser em famílias nobres.