Agradecemos, antes de mais, as suas palavras simpáticas, bem como a sua companhia!
(1) Tudo na casa era desmedidamente grande.
Relativamente à primeira frase em apreço, que repito como (1), eu não consideraria «desmedidamente», neste contexto, como advérbio de modo, mas sim como advérbio de intensidade, que modifica o adjectivo, colocando-o no grau superlativo absoluto analítico. O predicativo do sujeito será, pois, «desmedidamente grande».
(2) Quando eu morrer (...) mandem construir um navio sobre a minha sepultura.
Muitas vezes, a subordinada de uma frase complexa – mesmo quando estamos perante a subordinação adverbial – é modificador (e estou a usar a nova terminologia; doutra forma diria que é complemento circunstancial) do verbo da frase subordinante. É esse o caso da segunda frase em apreço.
Há dois testes que podem ajudar-nos a verificar se a subordinada corresponde a um modificador do verbo da subordinante:
A – teste da interrogação
B – teste do contraste
A – teste da interrogação
Quando uma subordinada é modificador verbal, se se fizer uma pergunta que englobe a subordinante, é possível obter um conjunto pergunta-resposta bem formado sem haver repetição de elementos (excepto o pronome interrogativo) e sendo a subordinada a resposta à pergunta. Ainda que a flexão de pessoa dos verbos dificulte o teste, vejamos:
P – Quando (devem) mandar construir um navio sobre a minha sepultura?
R – Quando morrer.
Se alterarmos a flexão de pessoa, o teste funciona melhor:
(3) Quando ela morrer (...) mandem construir um navio sobre a sua
sepultura.
P – Quando (devem) mandar construir um navio sobre a sua sepultura?
R – Quando ela morrer.
B – teste do contraste
Este teste consiste em acrescentar à frase complexa uma adversativa coordenada à subordinada:
(4) Quando eu morrer, mas não quando eu viajar (...) mandem construir um navio sobre a minha sepultura.
Note-se que o conteúdo da frase (4) soa estranho, pois o sentido do verbo morrer não permite um contraste fácil, quando há uma inter-relação com a palavra sepultura…