Muitas vezes, nas respostas que escrevo, tenho a preocupação de referir que o seu conteúdo reflecte a minha opinião, e não a verdade única e definitiva sobre determinado assunto. Isto porque, em matéria de língua, como em tantas outras, nem tudo é linear, nem tudo é passível de ser simplesmente dividido entre o certo e o errado, entre o que existe e o que não existe.
No caso do léxico, sabemos que há uma disparidade considerável entre o que os dicionários consagram e o que é realmente empregado pelos falantes. Os dicionários gerais de língua estão sempre atrasados em relação ao uso, além de que não incluem a totalidade dos vocábulos de uma língua, ficando de fora não só as aquisições e os neologismos mais recentes, mas ainda grande parte dos regionalismos e do vocabulário técnico-científico, para não falar das diversas gírias e do calão.
Assim, tendo consciência das limitações do meu conhecimento e da disparidade entre o conteúdo das bases de dados que posso consultar e o conjunto real de palavras que a língua põe à nossa disposição neste momento histórico, eu só faria uma afirmação categórica como «a palavra partonímia não existe» (sem uma ressalva do tipo «parece-me que») se não estivesse no meu juízo perfeito.
Respondendo directamente à pergunta do consulente («tem dúvidas a esse respeito e prefere não afirmar?»), gostaria de esclarecer que as minhas dúvidas são as de quem tem a noção de que não sabe tudo, nem pode saber tudo. Mas não escondo nada daquilo que sei, nem daquilo que não sei.