DÚVIDAS

ADN

Gostaria muito que me ajudassem a esclarecer uma dúvida. Há algum tempo atrás deparei-me com a palavra ADN como abreviatura de ácido desoxirribonucleico embora desde sempre (desde os tempos de ensino secundário e universitário) só conhecesse a palavra DNA. Se a sigla correcta for ADN, então para que fossemos consequentes teríamos de modificar toda uma série de siglas que eu pensava estarem mais ou menos estabelecidas em biologia, mesmo em português. Por exemplo, apareceriam umas designações estranhas como TFA em vez de ATP (trifosfato de adenosina), MFG em vez de GMP (monofosfato de guanosina), RCP em vez de PCR (reacção em cadeia da polimerase), (F)DAN em vez de NAD(P) [(fosfato de) dinucleótido de adenina nicotínica, ou de nicotinamida], etc. Embora possam parecer termos técnicos irrelevantes, a verdade é que a maioria destas designações já são ensinadas logo a partir do oitavo ano de escolaridade. Eu sei que o DNA é mais mediático pela sua relação com os genes, mas parece-me um critério um pouco pobre para decidir quais as siglas que se devem aportuguesar e quais as que se devem manter conforme a ordem mais vulgar (leia-se a inglesa).

Resposta

A grafia correcta na língua portuguesa do ácido desoxirribonucleico é ADN.

Mas não devemos ser xenófobos. Na impressionante rapidez de aumento actual dos conhecimentos, muitos nos vêm do estrangeiro, e, com eles, as novas designações. A ciência é cada vez mais planetária (como as comunicações), e é indispensável que os especialistas se entendam entre si, qualquer que seja o seu país de origem. Já foi no Oriente o português, já foi o latim na Europa, já foi o francês na diplomacia; hoje é o inglês a língua universal das comunicações, temos de o aceitar.

Quando escrevo para portugueses, grafo com as designações que estão consagradas em Portugal: ADN, NATO, etc. Quando escrevo na mundialização, preciso de ser humilde, se desejo que me entendam todos, em toda a parte. E, mesmo para portugueses, se não existem designações já consagradas em Portugal, acho preferível seguir aquelas em que de certeza sou entendido, sem confusões de trocas de posições das letras.É também este o critério que uso nos nomes estrangeiros (mas nesse caso colocado sempre entre aspas). Não sinto pessoalmente nenhuma resistência em utilizar um nome estrangeiro, se não houver `termo equivalente da nossa língua com o mesmo valor semântico e que transmita a ideia sem ambiguidades´.

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