Para respondermos a esta questão faremos uma análise a dois níveis.
Nível imediato
Estamos perante uma questão de estilo porque a mesma ideia é transmitida por diferentes formas de discurso.
Se usarmos «Muito me admira que…», colocamos o sujeito na terceira pessoa e o autor da frase num plano secundário. A primazia está no facto que age sobre o autor.
Se usarmos «Muito me admiro que...», então o sujeito está na primeira pessoa e, por isso, o autor da frase toma um lugar de evidência.
Nível estrutural
O verbo é reflexo e revela grande sensibilidade do sujeito. A acção cai sobre o próprio sujeito e por isso é preferível apresentar a causa da admiração, visto que já temos sujeito e objecto da acção.
«(Eu) admiro-me porque o Abreu... foi à falência.»
«Eu admiro-me por o Abreu ter ido à falência.»
E mostrando ainda que o sujeito foi claramente impressionado pelos factos teríamos:
«Estou admirado pelo facto de o Abreu... ter ido à falência.»