O termo inglês postdiction pode ter pelo menos dois significados bem distintos.
Por um lado, é usado pelos críticos da parapsicologia para designar a «clarividência retroactiva», ou seja, supostas previsões que na verdade são posteriores aos acontecimentos (criticadas pelos cépticos por serem vagas ou demasiado abrangentes, portanto facilmente adaptáveis a uma série de eventos; ou por terem sido alteradas ou mesmo formuladas após os factos que se alega terem previsto).
Tendo em conta que se usa o termo precognição neste contexto, eu diria que o neologismo mais lógico para traduzir postdiction nesta acepção será pós-cognição (com hífen, por o prefixo ser acentuado). Aliás, em português, já existem vários textos e bases de dados que empregam o termo pós-cognição, com o significado de «conhecimento de factos já ocorridos por processos paranormais». Por essa razão, não recomendo o uso de “posdição”.
Note-se, portanto, que o uso da palavra em português se faz no âmbito da parapsicologia (e não exclusivamente da sua crítica), pelo que não há uma intenção depreciativa subjacente ao seu uso.
Existe, por outro lado, uma técnica científica a que também se dá o nome de postdiction (ou retrodiction) e que consiste em especular sobre factos passados, de forma a verificar se uma determinada teoria permitiria prever acontecimentos que tiveram lugar num passado mais recente. Trata-se de uma técnica usada em ramos tão diversos como a investigação forense, a análise financeira, a arqueologia e a cosmologia.
Nesse âmbito, poder-se-á traduzir o termo por retrodição, palavra que já vem sendo usada nesse sentido em textos de carácter científico escritos em português.