«Experimentum crucis» significa literalmente «experiência da cruz». Trata-se de uma expressão de uso frequente no meio científico, para designar uma experiência que demonstra cabalmente a legitimidade de determinada hipótese ou teoria.
Esta expressão terá sido cunhada por Isaac Newton (1643-1727), pois aparece pela primeira vez na sua New Theory about Light and Colors(1) (Nova Teoria da Luz e das Cores), publicada em 1672.
Falta perscrutar a raiz etimológica da expressão e tentar perceber o que tem a cruz que ver com a ciência…
Em latim clássico, crux, crucis era termo genérico que designava vários instrumentos de tortura, entre os quais a cruz. Por natural extensão de sentido, crux queria também dizer «tormento», acepção que se mantém nos correspondentes vocábulos românicos, reforçada pelos padecimentos sofridos por Jesus Cristo.
Em latim medieval, crux interpretum («cruz dos intérpretes») designava um trecho de difícil interpretação, que desafiava a argúcia dos comentadores, ou seja, um tormento intelectual… Esta expressão, aliás, deu origem ao termo inglês crux, que designa o busílis ou cerne de uma questão.
«Experimentum crucis» refere-se, por isso mesmo, a uma experiência que “quebra a cruz”, ou seja, que resolve o problema, que arruma a questão de vez. É a experiência definitiva, conclusiva, crucial, decisiva. É a “prova dos nove” ou a “prova de fogo”. Aparece frequentemente traduzida por «experiência crucial» ou «experiência decisiva». Qualquer das duas expressões é aceitável, mas prefiro a segunda, pois o adjectivo decisivo apresenta um espectro semântico mais restrito, mais preciso, e em matéria de ciência a precisão de linguagem é essencial.
(1) Este título aparece frequentemente mal citado.