Os advérbios deste tipo têm, aparentemente, grande mobilidade na frase, pelo que será relativamente fácil concluir da boa formação das construções apresentadas. Nestas frases, os advérbios em questão são, por tradição, designados de modo, formados a partir de adjectivos pelo acréscimo do sufixo –mente.
No entanto, sabe-se que os chamados advérbios de modo são afinal muito diferentes entre si: simplesmente é um advérbio que tem algumas propriedades restritoras, aproximando-se de advérbios como só, apenas, unicamente, meramente e outros (Gramática da Língua Portuguesa, de Mira Mateus et al.); a sua posição não é portanto inteiramente livre, ocorrendo junto do constituinte que constitui o seu escopo ou domínio, isto é, junto do constituinte que modifica e tendencialmente à sua esquerda. Assim sendo, qualquer das construções com simplesmente é possível dependendo daquilo que o advérbio pretende restringir; por isso o exemplo (1) é mais aceitável, uma vez que ignorar parece estar fora do domínio definido pelo advérbio.
Quanto a intuitivamente, é um advérbio nocional ou de ponto de vista, colocando-se também tendencialmente junto e à esquerda do constituinte que modifica, por isso a minha preferência vai também para a primeira.
(Com preciosa colaboração de professora doutora Ana Maria Brito, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.)