A palavra ria pode referir-se a um «esteiro ou braço de rio», conforme definição do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, que também a classifica como termo usado no domínio da geografia para designar «[uma] secção da costa, geralmente abrupta e ramificada, onde se deram movimentos radiais que provocaram o parcial preenchimento de vales pelas águas marítimas».
Atendendo a esta descrição, só se aplica ria, num contexto especializado, a um acidente geográfico muito frequente sobretudo na Galiza, e com paralelo noutras zonas da Europa (Bretanha, Sudoeste de Inglaterra) e do globo, mas que, a rigor, não se encontra em Portugal, muito embora neste país certos sistemas litorâneos sejam tradicionalmente chamados rias (ria de Aveiro, no litoral centro-norte, e ria Formosa, no Sul).
Também convém não confundir uma ria com um fiorde: este, como indica o seu nome norueguês, fjord (aportuguesado como fiorde), é «estreito braço de mar, entre altas escarpas adentro da costa» (cf. nota etimológica do Dicionário Houaiss), que resulta da inundação de um vale glaciário pelas águas do mar; uma ria também surge em consequência da inundação de um vale, com a particularidade de este não ter origem glaciária (cf. a mesma distinção no artigo da Wikipédia em espanhol; note-se que se referem aí as rias portuguesas, que não são, como se disse, verdadeiras rias).
N. E. (25/06/2020) – Embora se aceite a grafias «ria Formosa», recomenda-se que neste hidrotopónimo a palavra ria também tenha maiúscula inicial, porque é inseparável do segundo elemento: Ria Formosa.