O espanhol mexicano chamba significa «trabalho», ao que parece, em resultado da extensão semântica de outro significado mais antigo, o de «oportunidade» (cf. Dicionário da Real Academia Espanhola). E efetivamente, por exemplo, no Diccionario Crítico Etimológico Castellano e Hispánico (Editorial Gredos), de Joan Coromines e José Antonio Pascual, propõe-se que a palavra seja um empréstimo do português antigo chamba, «perna», que estaria relacionado como o occitano jamba, com o mesmo significado. Deparo-me depois com chamba no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, numa nota etimológica respeitante a chambão, que tem a variante chambã e se usa em duas áreas de significado: 1. «parte da carne da vaca ou vitela proveniente da perna, com nervos, tendões e matéria gelatinosa, sendo, por isso, considerada de menor qualidade», «osso com pouca carne, utilizado como contrapeso na venda de uma peça de carne» e «presunto; pernil»; 2. «que ou pessoa que é mal-educada, grosseira, rude» e «que ou o que é desajeitado, deselegante» (com estas aceções também ocorre como adjetivo). O que aqueles autores catalães (op. cit.) propõem é que o espanhol chamba deriva de chambón, que, como chambão, entendido como «grosseirão, tipo rude», se teria formado também com base no português arcaico chamba. No entanto, fica por esclarecer como chamba, «perna», conseguiu relacionar-se com as noções de grosseria e rudeza.