Ambas as palavras partilham do radical am-, presente no verbo latino amare, que significa «amar, ter afeição por alguém, ter amizade ou amor a, querer bem, estimar, ter agrado por» (cf. Dicionário de Latim-Português, de A. Gomes Ferreira).
Este verbo está na base do adjectivo amicus, amica, amicum («que ama, que gosta de, que é amigo») e do nome amor, amoris («amizade, afeição, amor»).
Da proximidade entre os termos nos dá testemunho a literatura, como na conhecida cantiga de amigo, de D. Dinis:
«Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
(…)»
ou no célebre soneto de Luís de Camões:
«Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
(…)
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?»